O insuficiente é muito quando nada é última cartada e não lhe sobra opção. -Rosa de Saron, Rubra Alma

Muitas vezes a prova de coragem não é morrer mas sim viver – Vittorio Alfieri

abraçoEste trecho da letra para mim é muito, mas muito dolorido, pois reflete minha realidade. Sentir um vazio dia após dia não é fácil. Às vezes falta coragem pra tudo. Eu tenho medo da vida. Tenho medo da minha incapacidade. Tenho-me tornado um animal… animais podem ser sencientes, mas acho que não conseguiria, afinal este é um talento nato deles. Queria ter alguém afetuoso por perto… Adoro abraço, mas faz tanto tempo que não recebo um que já até esqueci a sensação. Algumas vezes eu sonho que tem alguém que se importa comigo e demonstra. Muitas pessoas dizem que se importam mas não fazem nada para demonstrar. Amor sem atitude não é amor. Palavras o vento leva. Esta noite sonhei que conhecia alguém interessante, e toda vez que ia me declarar minha visão ficava borrada e ele se afastava de mim. Dificilmente tenho um sonho que possa ser chamado de bom. Acordei me sentindo triste. Queria entender, por que é tão difícil lidar com o ser humano? Tenho descoberto o prazer de escrever. Li em um blog há um tempo, que o autor escrevia como forma de distrair-se das suas tensões, e realmente funciona. Mas no meu caso é um mero placebo. Enquanto escrevo escuto a música citada acima. Um trecho da letra diz: Fechar os olhos pra não ver ao seu redor não faz desaparecer do pensamento a desconcertante dor na face do amor. Eu queria muito ter alguém aqui, neste exato momento, que pudesse me ouvir e me compreender. Nunca tive a compreensão dos meus pais. Como já disse antes, meu pai era uma pessoa difícil de se conviver. Eu NUNCA tive uma conversa com ele que terminasse bem, e isto não é uma hipérbole. Minha própria mãe certa vez disse que não gostava do meu jeito. Isso me traz lágrimas aos olhos, pois você não espera ser ferido por quem você tanto ama. São águas passadas, mas a cicatriz ainda lateja.

lonely-manSolidão… ah! a solidão. Ela é minha companheira mais fiel, tema recorrente dos meus lamentos. Eu reconheço que não sou uma pessoa fácil de lidar. Mas toda vez que tentei ter um amigo, meu “querido” pai fazia eu me afastar. Cresci em um lugar que veio conhecer a prosperidade nestes dias, mas há uns 13 anos, quando entrei na faculdade, conhecia poucas pessoas que tinham chegado lá, e ele vivia me dizendo que eu precisava andar com “gente do meu nível”. Pobre de mim. Sempre fui uma criança retraída. Eu era gordinho, e parece que aquela besta que eu chamava de pai não entendia isso. Vivia me criticando. Certa vez ele soltou esta filosofia profunda: “Tu tá com a bunda grande parece de mulher!”. Eu sentia tanta vergonha das pessoas, e ainda hoje sinto. Já sofri efeito sanfona. Com 1,64, aos 15 anos pesava 49 quilos; aos 21 pesava 73; hoje aos 30, peso 60 e estou estabilizado há 11 anos, e isso colaborou pra eu me sentir mal. Não sei explicar porque. Mas ainda tenho vergonha de mim, até mesmo em relação a minha família. Hoje eu não me vejo como uma pessoa digna de ser amada. É assim que fizeram eu me sentir a vida toda. Acredito que tenho o amor da minha mãe, mas sinto que falta algo. Este vazio é inominável, indizível. Será que vai ter fim? Talvez eu tenha que me habituar. A aceitação talvez seja o caminho mais fácil. Eu não acredito no amor, nem na felicidade. Não na minha. O vazio já tomou conta de mim e minha alma secou…

A solidão que toca minha alma faz de mim um rio sem direção, corrói e faz ferida sem descanso, eu canso de ficar olhando para o chão. -Rosa de Saron, Distante do que sou