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Exalando a Alma

Reflexões de uma alma solitária

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hipocrisia

Coração calejado

a599ab_04a6c41102514c2da0e95dd653dbcf4fCondição humana. Interpretá-la é uma tarefa árdua, duvido que, por mais que nos esforcemos, consigamos fazê-lo. É complicado para nós, principalmente capitalistas, entender como alguém que tem “tudo” possa ser infeliz e alguém que não tem “nada” possa ser feliz. Eu acredito que a felicidade seja uma das condições humanas que independem de forças exteriores. Você pode até se sentir feliz comprando algum bem de consumo, mas sua felicidade acaba logo que lançarem um modelo mais recente. Outra condição humana é a solidão. Lendo um site que trata de temas ligados a psicologia em um post que trata sobre danos ao cérebro, um dos fatores que danifica nosso cérebro é a solidão. Eu divido a solidão em duas: a perceptível e a factual. A perceptível refere-se àquela solidão que sentimos mesmo quando estamos cercado de pessoas. A factual refere-se aquela solidão propriamente dita, de quando não temos com quem contar. Às vezes enfrentamos as duas. Eu já enfrentei ambas em momentos distintos da minha vida. Ambas são difíceis de suportar, mas a solidão perceptível é a pior de todas porque enche nossa cabeça de questionamentos que simplesmente não têm respostas. Você se sente só. Fim. O problema da solidão é que ela altera nossa forma de interagir com o mundo. Somos seres sociais e necessitamos dessa interação com outras pessoas. Parte da interação está na comunicação, não apenas falada, mas a comunicação corporal. Algumas pessoas sabem ler essas comunicações subjetivas, outras não. Por falta dessa comunicação, vamos guardando dentro de nós sentimentos negativos, experiências ruins, males que precisam ser expurgados e acontece de acabarmos encontrando pessoas que apenas têm aparência de compaixão e nos abrimos com essas pessoas e nos arrependemos de tê-lo feito quando vemos essas pessoas partindo de nossas vidas e levando um pedaço de nós, que confiamos e acreditamos na amizade que elas ofereciam. A era pós-moderna prega a libertação dos relacionamentos, relacionamentos abertos onde ninguém é de ninguém e cada um é livre para partir a hora que quiser, e isso tem nos deixado adoecidos cada vez mais, mas ir de encontro a nova moda da década não vai trazer maiores benefícios. O que um amigo poderia fazer por nós tem que ser comprado em consultórios de psicólogos, pois a profissionalização da compaixão não tem efeitos colaterais. Até os psicólogos precisam de terapia, esse é o melhor marketing. Não, não sou contra a psicologia, muito pelo contrário, eu apoio e indico já que há casos e casos, e doenças psicológicas não são irrelevantes, elas matam tanto quanto males físicos. Mas a verdade é que usamos isso como desculpa para nos esquivar de demonstrar compaixão. Vivemos com pressa, não dá mais tempo de pensar no outro. Precisamos viver uma farsa para expor em nossas redes sociais nossa alegria de mentira enquanto muitos de nós desaba noite após noite quando tiramos nossa máscara  e ninguém pode contemplar o monstro que realmente somos. Defeitos fazem parte de nós, mas fugimos deles como se eles fosse aberrações herdadas por um acidente qualquer, tornado nossas vidas uma vitrine de hipocrisias para pessoas que não estão nem aí para o que somos, e depois reclamamos da inveja que os outros sentem daquilo que supostamente somos sendo que nós mesmos provocamos tais sentimentos nas pessoas. Alguns corações nunca sararão e nós apenas queremos fugir da culpa.

A dor que atravessa o peito!

[…] um estado de surpresa é um bom indicador da mágoa que virá. Quanto mais paralisado, pasmado e entorpecido alguém se sente, mais demorado e mais intenso é o período de lamentação. –Haytham, Assassin’s Creed: Renegado

Eis um sentimento nojento de se lidar com ele: mágoa. Hoje lendo este livro deparei-me com esta passagem, fiquei pensativo pois o autor traduziu exatamente como é a sua chegada. Não chega a ser surpreendente, mas é incomodo você coração_de_pedrasentir por alguém algo tão avesso ao que você sentia antes. Parece que quanto mais gostamos de alguém, mais fácil é nos ferirmos com as atitudes desta pessoa. De repente você está com a mão estendida para uma pessoa que você ama tanto, e quando mais você precisa dela ela desaparece sem deixar vestígios. Depois reaparece dizendo que nunca lhe pediu nada. Você se doa, faz de tudo pelo bem estar do próximo e recebe ingratidão em troca. Você demonstra ser amigo de certas pessoas, elas fazem bom uso da sua amizade, e na hora de reconhecer elas dão mérito a outras pessoas. Dói, não? Você procura a pessoa que você gosta, tenta se manter em contato e ela não dá valor algum ao seu esforço de tentar manter amizade. Tudo isso já passei, e muito mais. Mágoa é quase um câncer; parafraseando a música Ódio da banda Luxúria, um veneno que tomamos querendo que o outro morra. Tais lições deixam as pessoa petrificadas. Eu aprendi a não me importar tanto assim com as pessoas. Tenho sido deveras desumano certos momentos. Mecanismos de defesa.

Eu tenho dificuldades enormes de lidar com a mágoa. Acho que todos temos. algumas pessoas perdoam com facilidade. Eu não. Não que eu não queira. Eu não sei perdoar. Eu não sei dar segunda chance. Gostaria muito de mudar isto em mim, odio1pois é uma atitude ridícula, eu reconheço. Tenho me sentido assim com algumas pessoas. Pessoas que me deixaram triste e depois reaparecem como se nada tivesse acontecido querendo mais do que eu pudesse oferecer a elas. E ai de você se recusar, será rechaçado pois todos têm um discurso pronto que “devemos perdoar pois nunca sabemos quando nós precisaremos” blá, blá, blá. É um discurso muito bonito, mas sem utilidade, pois os primeiros a quebrá-los ao meio são os que lançam mão dele. E assim segue-se aquela velha hipocrisia que apenas serve de máscara aos covardes sentimentais que nos tolhem do que podemos ser de melhor em nós. Seja como for, reconheço que a cura para o mal está no perdão, apenas. Não há nada que possamos fazer para mudar a natureza alheia, mas podemos sim fazer a diferença. Sei que preciso aprender a perdoar. Talvez a falta de perdão esteja ligado ao excesso de amor que sentimos (pode ser que eu esteja falando besteira, mas como disse acima, quanto mais gostamos de uma pessoa, mas fácil nos ferimos com o que ela faz, eis o porque). Talvez o erro seja amar demais, pois desequilibra a balança. Não adianta dar nada além do que podemos suportar. Guardemos nossos depósitos para quem realmente importa. Se não houver ninguém, guardemos para nós mesmos.

Uma musiquinha pra relaxar…

A hipocrisia da perfeição

Perfeição: s. f. o mais alto nível numa escala de valores, excelência no mais alto grau, grau máximo de bondade ou virtude. [lat. perfectio, onis ‘perfeição, complemento, remate’ deperfectus part.pas. de perficìo,is,féci,féctum,ficère ‘fazer inteiramente, acabar, terminar, perfazer; fabricar (com arte), aperfeiçoar’; familia margarinaver faz-; f.hist. sXIV perffeyçõ, sXVperfecçõ, sXV perfeicam, sXV perfeyção, sXVperfeiçoõens] (Dicionário Houaiss). É uma definição e tanto para uma palavra tão simples e que na prática é quase inexistente. Não tenho predicados para afirmar sua inexistência, apesar de, na prática, nunca tê-la encontrado. A vida em família pode ser um paraíso ou um inferno. A minha é um limbo. Já descrevi por alto em postagens passadas como era meu relacionamento com meu pai, mas nunca citei minha mãe, com quem ainda moro. Bem, vamos lá. Acredito que tenho uma mãe amorosa, que se preocupa em dar o melhor de si para sua família, alguém que teme a Deus de coração e com sinceridade, que ora e busca a Deus pela sua família dia após dia. O problema é a idealização da perfeição que ela espera das pessoas. Acredito que, seu eu não sou perfeito, não tenho direito nenhum de cobrar perfeição de ninguém. É claro, não vejo mal em querer ver as coisas correrem bem dentro de nosso lar, mas a bíblia fala da lei da semeadura, você colhe o que planta. E para universalizar ainda mais, o budismo prega o ‘karma’, em que tudo que você fizer volta lá na frente. Bem, eu fui criado na Igreja, ensinado a obedecer a Deus, as leis e meus pais. Foi neste último que eu me dei mal. Infelizmente não tive pais sábios. Entendamos da seguinte forma: inteligência é uma ferramenta; sabedoria é uma técnica. Você precisa de sabedoria para entender a inteligência. Não adianta ter informação e não saber o que fazer com ela. Meu pai era um cara extremamente inteligente, mas vergonhosamente tolo. Minha mãe, talvez pela pouca sabedoria em lidar com ele acabou se acuando. Ela sempre teve em mente a imagem da família perfeita onde todos se amam e se apoiam mutuamente sem esperar nada em troca. Já disse aqui em outro post que meu pai sempre me afastou das pessoas, por isso eu nunca tive amigos. Minha mãe endossou o pensamento dele. Ela vivia me dizendo: “Sua amiga e sua irmã, você não tem nada que ir atrás dos outros!”. Até hoje eu tenho resistência à minha irmã. Eu a amo, quero muito o bem dela, até porque ela é uma pessoa que sofre. Mas, mais uma vez a falta de oportunidade de fazer escolhas tirou minhas forças de fazer o certo.

sucesso-fracassoNesta manhã de domingo acordei sentindo-me tão mal e tão vazio, e infelizmente eu não posso contar com a compreensão da minha mãe. A velha ideia de perfeição fala mais alto. Acredito que o pior de tudo é você conviver com uma pessoa que não sabe respeitar seus limites e seus momentos. Minha família teve comércio e durante anos eu tive que trabalhar com eles. Desde os 10 até meus 27 anos. Escolheram para mim. Sempre quis viajar, conhecer gente nova, mas nunca tive oportunidade. Em 30 anos de vida viajei só quatro vezes, duas a trabalho, diga-se de passagem, e em uma estava doente. Quando fui fazer faculdade queria ter estudado publicidade e propaganda, mas ouvi um sonoro e peremptório NÃO! Sentei-me ao computador com minha mãe e fui ver a relação de cursos, e por livre e espontânea pressão escolhi Administração. Eu não me identifico com a área. Mas eu tinha que obedecer. Sabe qual o lado ruim de você ouvir conselhos? Se eles derem errado o conselheiro não vai arcar com as consequências por você. Hoje meu pai está morto, e eu tenho que arcar com as escolhas dele para mim. Eu não consigo arranjar emprego. Já passei em vários concursos, inclusive federal, mas nunca fui chamado, o que contribui para minha angustia. Sinto-me triste o tempo inteiro, vivo com um nó no estômago, e para completar, meu cabelo começou a cair. Mas tudo que eu tenho é alguém cobrando perfeição da minha parte. Preciso respirar! Talvez eu esteja com estresse. O sábio Salomão em Eclesiastes 7 diz que o dia da morte é melhor que o dia do nascimento. Devagar eu tenho desistido da vida. Uma amiga minha postou no Facebook certa ocasião que a vida é paradoxa, pois no instante em que você começa a viver você também começa a morrer. A morte é o complemento da vida. E a vida sem sabedoria em um encurtamento da jornada. O que mais me dói é que eu nunca fiz escolha nenhuma na minha vida e meu maior erro foi fazer a coisa certa. SOCORRO!

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