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Exalando a Alma

Reflexões de uma alma solitária

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Na vida tudo passa. Será? Tenho minhas dúvidas… Em abril do ano passado terminei meu namoro. Repensei muita coisa. Me afastei e me reaproximei da pessoa. Criei esperanças e me fodi. Hoje eu não me importo se ele namora, com quem ele fica, mas observando certas atitudes vejo o quanto saí perdendo nesse relacionamento. Cometi erros? Inúmero. Meu erro mais recorrente era a vingança. Fazia com ele o que ele fazia comigo. Conversando com ele há pouco tempo perguntei se ele tinha ficado com alguém, e ele disse que sim. Perguntei onde tinha sido e ele me disse que foi em um local público. Falei que as pessoas veriam ele, ele respondeu “o que é que tem?”. Isso desencadeou uma mágoa profunda em mim. Infantilidade minha? Talvez. Talvez inveja pelas vezes que eu quis abraçá-lo e ele me repeliu. Pelas vezes que quis beijá-lo e ele se esquivou. Pelas vezes que queria compartilhar nossas amizades e ele fugiu; pelas vezes que queria me libertar e ele fez nós dois nos escondermos do mundo. Pelos amigos que ele afastou de mim, pelos momentos que poderíamos ter sido felizes e eles escolheu o rancor, pelos momentos que corríamos quando deveríamos andar. Pelas vezes que me senti sozinho e ele não se importou. Agora simplesmente com outro está tudo ok. Quantas vezes fui cobrado mas não pude cobrar? Quantas vezes saíamos e eu fazia todas as coisas do jeito dele me prendendo a promessas que nunca se cumpriram? Quantas vezes eu fui a parte que mais amou sem ser correspondido? Quantas vezes obtive nada além de silêncio? Ah, a mágoa continua. Nesses dias procuro uma companhia pra uma café e uma distração e não consigo encontrar. Também tenho minha parcela de culpa, sou um relutante profissional. Como eu detesto essa minha vida!

Languor Æternam

Sumi por um bom tempo, mas foi um sumiço necessário. Muitas coisas aconteceram desde minha última postagem no blog. O mais difícil aconteceu pós feriado de 7 de setembro: um colapso nervoso que me levou a emergência psiquiátrica do hospital de referência da minha cidade. Beirar um surto, sentir-se morrer com tanta força que traumatiza seu psicológico e todas as outras situações que se agregam ao fato me fez perceber que não poderia mais viver como estava vivendo. Assumi pra minha família e para o mundo minha homossexualidade. Os primeiros dias foram libertadores mas infelizmente o pesar continua me esmagando dia após dia. Há um ano faço terapia, fui diagnosticado com depressão e nunca me imaginei viver em um consultório psiquiátrico e tomando remédios pra doença mental. É uma situação horrível demais. Por Deus queria entender a vida, a minha particularmente. Estou cansado, estou com medo do meu futuro como sempre. Me enganei, pensei que o passo que dei fosse mudar muita coisa mas por dentro continuo morto, continuo com medo, continuo sentindo desespero e desesperança. Não consigo me mexer, não consigo dar um rumo para minha vida. Há quem diga que tenho homofobia internalizada em mim, mas se eu pudesse escolher jamais seria homossexual, para mim é algo sofrível demais.

A sensação de morte pós colapso não é algo de que se livra facilmente. Senti meu corpo gelar, vi-me sendo carregado para a sepultura, tenho medo da violência, tenho medo de morrer sem ter me encontrado nesta vida. Não haverá outra chance. Acho a vida uma grande perda de tempo, não consigo entender nem ver razão para a existência; sim, sou pessimista. Pra mim toda felicidade ou é ilusão ou é ignorância.  Por que nascer e levar uma vida presa a tantas dores? Por que existir desta forma, sem vontade nenhuma. Apesar de ter medo de morrer às vezes penso em suicídio. Não poucas vezes… Por Deus eu quero me ver livre do sofrimento. Minha carne está doente, minha alma está morta em mim. Sou nada além de um túmulo de sonhos. Que meu desespero não me destrua, de outra forma a esperança de estar enganado será tão vã quanto a vida que levo.

Evasivo…

DepresyonJá faz um tempo que não escrevo. Ultimamente tenho fugido, na verdade, de expor qualquer sentimento meu. Sei lá, parece que não resolve. Das coisas mais constantes que me afetam a ansiedade e o estresse são as mais fortes, um medo irracional (ou não) do futuro. Antigamente eu ficava divagando a respeito das pessoas que escondem seus sofrimentos. Eu era mais expressivo, transparente quanto aquilo que sentia. Achava ignorância esconder o peso do sofrimento. Hoje tenho feito exatamente isso e sabe por quê? Ninguém se importa. Reclamar da dor é dar um grito ao vento. Meu coração sofre demais não encontrar alguém com empatia pra me ajudar nas horas mais duras. Eu não sei o que é alegria faz tempo, mas também já não tenho sentido tanta tristeza. pode parecer algo positivo mas acredite, não sentir nada é bem pior. Você se sente um mero saco de ossos vagando por aí. Nada mais da prazer. Há muito tempo sinto dores no corpo, problemas diversos de saúde que resolvi procurar vários especialistas. O último que fui foi um clínico geral, e nas palavras dele se eu não resolver meus problemas psicológicos morrerei cedo. Falou assim, curto e grosso. Sei lá, de repente não é uma notícia tão ruim. Tanto tempo se sentindo vazio que cheguei a conclusão que não tenho nada a lamentar. A vida é apenas um caminho, a morte o destino. Tenho medo de morrer. Não sei o que tem do outro lado. Quando comecei este blog era mais visceral nas minhas palavras; com o tempo elas arrefeceram. Mas no fundo eu percebi que os sentimentos não. E quantos contatos recebo de pessoas que se lamentam dos mesmo males, meu Deus! É muita dor nessa existência. Grito socorro! Por favor, se alguém ouvir não precisa suportar meus lamentos, apenas lembre de mim em suas orações. Já não tenho lágrimas pra lavar a alma, e minha alma está suja, enlameada, ensanguentada… Ah! O tempo escorre pelas minhas mãos e eu não faço ideia do que fazer com ele. Não iniciei estas palavras sentindo tanto peso em mim, mas conforme discorro aqui sinto um aperto no meu peito, uma pontada de dor por tudo aquilo que sonhei e não aconteceu e me faz lamentar dia após dia a minha existência. Sofro, não porque queira. Sou obrigado a sofrer. Talvez você que lê estas palavras ache um exagero, mas acredite, não é. Lembro de quando era criança, que sonhava em ter uma família, uma casa, um carro, e poder viajar e ser feliz com minha mulher e meus filhos. Mas aí veio a adolescência, a descoberta da homossexualidade, o aprisionamento das minhas vontades, a violência que meu pai praticava contra mim e tudo ruiu. Não consegui ficar de pé. Não consegui dar a volta por cima. Sou um cara de 34 anos que ainda mora com a mãe tem um emprego de merda e nenhuma perspectiva. Não sei viver. Não sei. Talvez tenha desistido. Talvez haja uma segunda chance. Talvez…

Insignificância

2Quando eu comecei o Exalando a alma eu pensava em falar das coisas negativas da minha vida, e é exatamente o que tenho feito. Falo aqui de coisas que não conto às pessoas no vis-a-vis. Vivo uma vida dupla, essa que é a verdade. Para as pessoas sou um cara normal, que trabalha, sai, gosta de ler, e tudo o mais… Mas no fundo não é isso que sou. Pouquíssimas pessoas me conhecem a fundo. Nos últimos meses ignorei o blog propositalmente. Queria achar que conseguiria conviver com meus problemas sem fazer alarde deles pra ninguém (não que eu saia gritando feito louco por aí, mas há algumas pessoas pra quem eu posso me abrir). Eu, francamente, não gosto de procurar as pessoas pra desabafar. Elas não têm nada a ver com meus problemas. E pior ainda, são aquelas que oferecem amizade e diminuem o que sinto. Tem uma pessoa na minha família que é pentecostal, desses que dizem que ouvem Deus falar pra eles repassarem o recado para nós, pobres mortais. Se intitulam “profetas”. Enfim, essa pessoa se aproximou de mim, falou que Deus tinha mostrado pra ela que eu era gay e que Ele tinha uma saída pra mim, mas que eu passaria por coisas ruins antes de me ver livre da dor. Essa pessoa ofereceu a amizade dela. Eu, pobre coitado, acreditei nisso, até porque na época ninguém mesmo sabia que eu era gay, apenas eu. Enfim, o tempo foi passando e fiquei muito próximo dessa pessoa (uma mulher, caso esteja curioso/curiosa). Mas, algumas vezes em que eu a procurei ela me tratou como um estorvo. Oras, eu não tinha buscado ajuda dela, ela me ofereceu e depois não deu conta da situação. Eu me senti tão diminuído quando aconteceu isso da última vez que resolvi me afastar. A falsa amizade mais me causou danos que algo de bom. Por vários motivos eu abandonei a religião, mas o principal é a estupidez dos pentecostais. Poucos nesse meio se salvam. Tenho verdadeiro horror a essa cultura. Pior é que grande parte dos meus parentes fazem parte dessas igrejas horrorosas que têm por aí, onde gente como eu é condenada ao inferno só por existir. Pessoas assim tem feito eu me sentir amedrontado. Questiono tanta coisa na minha vida que nem sei mais o que fazer com ela. Tenho medo de tudo. Tô esmagado. Me sinto apenas insignificante…

Mais um dia

crying_child“Não existem dias legais, existem apenas dias…” -Milhouse

A citação eu tirei do seriado Os Simpsons, mas ela tem um sentido especial pra mim, porque é exatamente assim que me sinto, vivendo apenas uma rotina de esperar algo que nunca chega. Resumindo, não existe excitação, felicidade ou qualquer coisa positiva. Às vezes rola uma felicidadezinha, mas felicidade é como fogos de artifício, estouram, enchem os olhos de beleza e logo se esvai. Ah! Esses dias de crueldade, pessoas vis, fúteis e desnecessárias nos cercando, isso faz a vida perder todo o brilho. Durante o dia tenho medo de morrer e durante a noite medo de viver. É uma encruzilhada. Me sinto tão perdido na vida, acho que nada mais importa, se vivo ou se morro. Sabe, eu tenho questionado a Deus todos os dias o porquê dessa aflição diuturna. Eu queria que isso tivesse fim logo. Não é impaciência. Nem sei o que é… Estou doente. Estresse e ansiedade. Fui ao médico há alguns dias e ele me disse que se eu continuar assim não vou durar muito. Não sei se isso é bom ou ruim. Não quero morrer, mas também não vale a pena viver assim. Sinto dores constantemente. Essa é uma certeza que tenho quando acordo: sentirei dor em algum lugar. Faz tempo que não consigo chorar; eu gostaria de derramar umas lágrimas de vez em quando, mas não consigo. Talvez já não esteja mais importando. São dias de violência, dias de incertezas, dias de maldade gratuita, dias de traição, dias de auto indulgência, dias de descontrole, dias de histeria, dias de ódio e rancor. Não queria viver esses dias, mas não pude escolher. O mundo nunca foi um lugar bom de se viver, mas as coisas pioram a cada segundo. E meu dilema é como sobreviver ao que me é intrínseco e extrínseco ao mesmo tempo. Três coisas penso todos os dias: Deus, futuro e morte. É inevitável. Tenho um pouco de saudade do meu passado, de quando era criança, quando a infelicidade não tinha definição. Passou. Pessoas passaram pela minha vida. Experiências me marcaram e fizeram de mim quem eu sou. Algumas pessoas adoram usar frases de efeito dizendo que não devemos deixar o que fizeram de ruim para nós nos definirem. Acho que elas não sabem o que é trauma, o que isso faz no caráter de um homem. Pense em uma criança sofrendo violência sexual e imagine se isso não definirá nada na vida dela. Consegue? Se sim, me explique como, porque eu não consigo. Seja como for, talvez haja de fato quem consiga, eu não consegui. Não sei se sofrer violência foi a causa de eu ser gay, só sei que sofri a violência e que sou gay. O resultado: infelicidade. Deus me ajude a sobreviver…

Coração calejado

a599ab_04a6c41102514c2da0e95dd653dbcf4fCondição humana. Interpretá-la é uma tarefa árdua, duvido que, por mais que nos esforcemos, consigamos fazê-lo. É complicado para nós, principalmente capitalistas, entender como alguém que tem “tudo” possa ser infeliz e alguém que não tem “nada” possa ser feliz. Eu acredito que a felicidade seja uma das condições humanas que independem de forças exteriores. Você pode até se sentir feliz comprando algum bem de consumo, mas sua felicidade acaba logo que lançarem um modelo mais recente. Outra condição humana é a solidão. Lendo um site que trata de temas ligados a psicologia em um post que trata sobre danos ao cérebro, um dos fatores que danifica nosso cérebro é a solidão. Eu divido a solidão em duas: a perceptível e a factual. A perceptível refere-se àquela solidão que sentimos mesmo quando estamos cercado de pessoas. A factual refere-se aquela solidão propriamente dita, de quando não temos com quem contar. Às vezes enfrentamos as duas. Eu já enfrentei ambas em momentos distintos da minha vida. Ambas são difíceis de suportar, mas a solidão perceptível é a pior de todas porque enche nossa cabeça de questionamentos que simplesmente não têm respostas. Você se sente só. Fim. O problema da solidão é que ela altera nossa forma de interagir com o mundo. Somos seres sociais e necessitamos dessa interação com outras pessoas. Parte da interação está na comunicação, não apenas falada, mas a comunicação corporal. Algumas pessoas sabem ler essas comunicações subjetivas, outras não. Por falta dessa comunicação, vamos guardando dentro de nós sentimentos negativos, experiências ruins, males que precisam ser expurgados e acontece de acabarmos encontrando pessoas que apenas têm aparência de compaixão e nos abrimos com essas pessoas e nos arrependemos de tê-lo feito quando vemos essas pessoas partindo de nossas vidas e levando um pedaço de nós, que confiamos e acreditamos na amizade que elas ofereciam. A era pós-moderna prega a libertação dos relacionamentos, relacionamentos abertos onde ninguém é de ninguém e cada um é livre para partir a hora que quiser, e isso tem nos deixado adoecidos cada vez mais, mas ir de encontro a nova moda da década não vai trazer maiores benefícios. O que um amigo poderia fazer por nós tem que ser comprado em consultórios de psicólogos, pois a profissionalização da compaixão não tem efeitos colaterais. Até os psicólogos precisam de terapia, esse é o melhor marketing. Não, não sou contra a psicologia, muito pelo contrário, eu apoio e indico já que há casos e casos, e doenças psicológicas não são irrelevantes, elas matam tanto quanto males físicos. Mas a verdade é que usamos isso como desculpa para nos esquivar de demonstrar compaixão. Vivemos com pressa, não dá mais tempo de pensar no outro. Precisamos viver uma farsa para expor em nossas redes sociais nossa alegria de mentira enquanto muitos de nós desaba noite após noite quando tiramos nossa máscara  e ninguém pode contemplar o monstro que realmente somos. Defeitos fazem parte de nós, mas fugimos deles como se eles fosse aberrações herdadas por um acidente qualquer, tornado nossas vidas uma vitrine de hipocrisias para pessoas que não estão nem aí para o que somos, e depois reclamamos da inveja que os outros sentem daquilo que supostamente somos sendo que nós mesmos provocamos tais sentimentos nas pessoas. Alguns corações nunca sararão e nós apenas queremos fugir da culpa.

Taquicardia

sindrome-do-pavio-curtoSou uma pessoa um tanto ansiosa e bem estressada, do tipo que passa mal, tem dor de cabeça, falta de ar e pesadelos. Além do mais estas condições refletem na nossa saúde física através das chamadas doenças psicossomáticas: seu corpo responde ao seu estado de espírito. Tenho vários problemas físicos que vão de enxaqueca, psoríase, dificuldades pra dormir, apetite descontrolado, dores na lombar, cansaço, palpitação, gastrite, falta de ar e etc. Tento me manter no controle, mas ultimamente tem sido bem difícil, ainda mais vivendo em uma cidade cuja violência cresce vertiginosamente, em um país onde nada é feito. Tenho medo de tudo. Quando minha família sai sem mim fico aflito, não relaxo, não me sinto tranquilo enquanto não os ver. Quando minha mãe resolve sair sozinha ou pegar um ônibus eu fico intranquilo e não consigo fazer nada. Ando com medo de tudo, uma angústia, um estado de tensão constantes e sei que se isso não parar as consequências serão desastrosas. Estou sempre com a sensação de que a qualquer momento o telefone vai tocar e alguém vai me dar uma notícia ruim. Queria poder falar disso com alguém. Vivo uma tristeza insone, em estado de alerta, em pânico.

PainCover2.3390913_stdEu reconheço no meio disso tudo o quanto preciso de Deus, e o quanto preciso me desapegar dessa vida o mais rápido possível. Eu gosto muito dessa passagem da Bíblia: Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. (Filipenses 4:6,7). Eu queria muito conseguir viver isso, mas há tantas coisas no meu caminho. Ah! Eu não deixei de acreditar em Deus, eu espero somente Nele que haja esperança pra mim. Essa vida tem sido como uma doença incurável. Algumas poucas pessoas tentam me consolar às vezes, mas como é difícil ser consolado. É preciso chorar, verter as angústias por muito tempo para que eu sinta algum alívio, mas as lágrimas estão secas há tempos. Que Deus tenha piedade de mim. Deus, me ajuda!…

De coração partido…

20100306_MG_3628-950x633A morte e o sofrimento nos faz refletir muitas coisas a respeito das nossas vidas. Viver é sofrer, já dizia o poeta, e sobreviver é encontrar sentido no sofrimento. Às vezes temos oportunidades de lavar a alma e nem sempre conseguimos. Já expus várias vezes aqui no Exalando a Alma todas as angústias que sofri na vida em relação ao meu pai. Meu pai já morreu, e antes disso lutou por anos contra uma doença incurável. Sofri na época da morte dele, há nove anos, mas o tempo foi passando e o sofrimento foi se tornando alívio. Meu pai não sabia que eu era gay. Minha mãe sabe, pois contei a ela, apesar dela ignorar o fato, talvez seja mais fácil pra ela lidar com isso. O que nunca contei aqui no Blog é que antes do meu pai morrer ele passou um período internado no hospital, cerca de dois meses, e na semana em que ele morreu ele entrou em coma. Senti vontade de chegar no ouvido dele enquanto ele estava em coma e dizer a ele tudo que sentia. Muitas vezes tive um diálogo na minha cabeça das palavras que gostaria de ter dito a ele, cada uma delas. Contar que era gay, que aprendi a ter obsessão por pênis por culpa dele, que me sentia deprimido e mal por causa das coisas que ele me dizia, que me sentia infeliz pela forma como ele me tratava, que achava o amor dele falso, que ele nunca tinha sido meu amigo, e que se eu fosse pro inferno era pra ele me esperar lá. Queria dizer o quanto pensei em morrer por não suportar minha vida, em como achava insuportável fingir ser quem eu não era pra agradar a comunidade religiosa da qual fazíamos parte. Queria deixar ele desesperado e sentir minha alma lavada com a dor dele. Mas claro que não fiz. E confesso que há dias que me sinto feliz por não ter feito, mas têm dias em que me arrependo e acho injusto ele ter partido dessa vida sem conhecer o monstro que ele criou. Não queria viver com a tristeza de saber que minha inocência foi queimada pela ignorância e lascívia daquele homem e não acredito que ele fazia tal coisa por pura brincadeira. Não se toca um criança sem ter muita maldade no coração. Vivo uma guerra doentia dentro de mim para não reproduzir com outros o que ele fez comigo. Eu vivo ansioso, apavorado, tenho medo do julgamento divino, me sinto preso, acorrentado, queria gritar tudo que se passou comigo pro mundo inteiro ouvir mas infelizmente tenho que sufocar nesse paroxismo interior porque seria julgado e no fim das contas ninguém ligaria mesmo. A minha rotina consiste em acordar e colocar uma capa de aparente felicidade enquanto estou morto por dentro. Canso de sorrir por fora e sangrar por dentro; canso de dizer que estou bem mas no fundo estou amargurado. E o que mais me cansa nisso tudo é não ter quem me ajude. Não tenho esperança de ser feliz algum dia. Minha alma está rasgada, meu corpo padece e não sei o que fazer da minha vida. Essa é a pior crueldade, viver sem esperanças…

Prazer, Dor! (+18)

nakedKissingBoysSexo basicamente tem resumido a nossa existência. A cultura ocidental é totalmente erotizada, campanhas publicitárias abusam de corpos sarados, filmes têm cenas que atiçam o imaginário de seus telespectadores. Sexo é muito bom. Faz bem a saúde física e mental, alivia o estresse, alivia tensões, aumenta dopamina, e é uma fonte de prazer. Existem estudos abundantes sobre sexo, quem sabe mais do que deveria. Não sou especialista no assunto, meu conhecimento fica no popular, no pouco que aprendi nas aulas de biologia. Mas e quando o gosto pelo sexo ultrapassa o aceitável? Será que é normal pensar nisso o tempo todo, a ponto de perder concentração nos seus afazeres diários? A ponto de você não mais conseguir separar um tempo para coisas mais racionais, como ler um livro inteiro sem distrações? E no meu caso, como lidar com o sexo homossexual? Você não imagina o que ter uma ereção só de entrar num banheiro publico e ver o pênis de alguém que está apenas fazendo suas necessidades. Eu não uso mictórios, uso apenas os cubículos para evitar transtornos, já tive vários. Sinto que minha vida não está mas indo no rumo normal. Alguém pode argumentar que isso já faz parte da cultura homossexual masculina, afinal a imagem que a mídia passa da comunidade LGBT são de pessoas com a sexualidade exacerbada. Mas nem todos são/aceitam ser assim. Eu não aceito. Não é saudável. Não é produtivo. Por duas vezes fui ao bosque da minha cidade com meu (ex)namorado. Em uma eu entrei no banheiro, precisava me aliviar, estávamos sós, ele abriu a bermuda e eu fiz sexo oral nele. Em outra oportunidade nos escodemos dentro do mato e praticamos sexo oral um no outro. Em um determinado ponto turístico de nossa cidade nos escondemos em uma rua escura, mas por onde passavam pessoas (prostitutas e vendedores ambulantes) e ficamos sem camisa nos beijando, mas com nossos pênis duros e nos masturbando um ao outro. Já fizemos sexo oral em estacionamento de shopping, a última vez que fomos ao cinema coloquei a mão dentro da cueca dele e fiquei acariciando os testículos dele. Já fizemos sexo dentro do carro em uma rua escura, certa vez fomos a uma praia e enquanto eu dirigia ele me masturbava…

masturbacaoSão muitas e muitas histórias nesse sentido e fazíamos isso simplesmente por não termos um lugar onde namorar. Fomos várias vezes a motéis e drive-in, mas nem sempre tínhamos dinheiro para isso. Alguém pode pensar que isso é aventura de amantes, mas eu confesso que sempre me senti em risco e me senti sujo por fazer essas coisas. É como se vivêssemos para o sexo. Temos conflitos, brigas e tudo o mais, mas das várias vezes que terminamos confesso que voltei pensando na falta que o sexo faria e no tempo que levaria para ter outro parceiro. Há pouco tempo tivemos uma briga, mais uma, e decidi terminar mais uma vez o namoro. Tínhamos marcado de fazer sexo esse fim de semana. Que ninguém pense que não amo ele, amo e muito, penso na amizade, na cumplicidade, mas é como se o sexo fosse o pilar. Quantas cobranças e brigas foram feitas por causa do sexo. Quantos desgastes… Ainda tenho um problema sério em relação a minha sexualidade que eu descrevi no post Visão do Paraíso, bem no início deste blog. São muitas dificuldades que enfrento nessa lida com minha sexualidade. Descobri tarde demais. Às vezes parece que num relacionamento o amor não consegue se dissociar do sexo. Fora que nem sempre é fácil não trair, mesmo que seja apenas olhando. Adoro filmes pornôs, adoro ver dois homens fazendo sexo (e confesso que até relações heterossexuais me atraem). Mas isso não é saudável, não mesmo. Quisera ter um relacionamento mais baseado na amizade que no sexo. Reafirmo, tinha muita amizade no meu namoro, mas sexo ocupou uma parte maior que eu desejaria. Conheci meu (ex)namorado numa segunda, numa terça ele já estava nu em minha cama. Minha cabeça é suja, odeio, odeio profundamente isso em mim. Odeio ver rapazes sem camisa, imagino coisas que nenhum ser humano deveria imaginar a respeito de um estranho. Ir à praia é uma coisa que odeio. Ver homens de sunga (que pra mim nada diferem de uma cueca) me tortura. A ultima vez que fui havia um jovem, confesso que fiquei tentado a convidá-lo me deixar fazer sexo oral nele. E uma coisa que mesmo tendo uma vida sexual ativa, eu não me livrei da masturbação. Três, quatro, até cinco vezes ao dia. Já me masturbei antes de ir ter um encontro com meu (ex)namorado, fizemos sexo, me masturbei depois do sexo, e me masturbei quando cheguei em casa. Não pense que isso é bom, do meu ponto de vista não é. Preciso de um freio nesse desejo, antes que acabe mal.

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