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Exalando a Alma

Reflexões de uma alma solitária

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lamento

Evasivo…

DepresyonJá faz um tempo que não escrevo. Ultimamente tenho fugido, na verdade, de expor qualquer sentimento meu. Sei lá, parece que não resolve. Das coisas mais constantes que me afetam a ansiedade e o estresse são as mais fortes, um medo irracional (ou não) do futuro. Antigamente eu ficava divagando a respeito das pessoas que escondem seus sofrimentos. Eu era mais expressivo, transparente quanto aquilo que sentia. Achava ignorância esconder o peso do sofrimento. Hoje tenho feito exatamente isso e sabe por quê? Ninguém se importa. Reclamar da dor é dar um grito ao vento. Meu coração sofre demais não encontrar alguém com empatia pra me ajudar nas horas mais duras. Eu não sei o que é alegria faz tempo, mas também já não tenho sentido tanta tristeza. pode parecer algo positivo mas acredite, não sentir nada é bem pior. Você se sente um mero saco de ossos vagando por aí. Nada mais da prazer. Há muito tempo sinto dores no corpo, problemas diversos de saúde que resolvi procurar vários especialistas. O último que fui foi um clínico geral, e nas palavras dele se eu não resolver meus problemas psicológicos morrerei cedo. Falou assim, curto e grosso. Sei lá, de repente não é uma notícia tão ruim. Tanto tempo se sentindo vazio que cheguei a conclusão que não tenho nada a lamentar. A vida é apenas um caminho, a morte o destino. Tenho medo de morrer. Não sei o que tem do outro lado. Quando comecei este blog era mais visceral nas minhas palavras; com o tempo elas arrefeceram. Mas no fundo eu percebi que os sentimentos não. E quantos contatos recebo de pessoas que se lamentam dos mesmo males, meu Deus! É muita dor nessa existência. Grito socorro! Por favor, se alguém ouvir não precisa suportar meus lamentos, apenas lembre de mim em suas orações. Já não tenho lágrimas pra lavar a alma, e minha alma está suja, enlameada, ensanguentada… Ah! O tempo escorre pelas minhas mãos e eu não faço ideia do que fazer com ele. Não iniciei estas palavras sentindo tanto peso em mim, mas conforme discorro aqui sinto um aperto no meu peito, uma pontada de dor por tudo aquilo que sonhei e não aconteceu e me faz lamentar dia após dia a minha existência. Sofro, não porque queira. Sou obrigado a sofrer. Talvez você que lê estas palavras ache um exagero, mas acredite, não é. Lembro de quando era criança, que sonhava em ter uma família, uma casa, um carro, e poder viajar e ser feliz com minha mulher e meus filhos. Mas aí veio a adolescência, a descoberta da homossexualidade, o aprisionamento das minhas vontades, a violência que meu pai praticava contra mim e tudo ruiu. Não consegui ficar de pé. Não consegui dar a volta por cima. Sou um cara de 34 anos que ainda mora com a mãe tem um emprego de merda e nenhuma perspectiva. Não sei viver. Não sei. Talvez tenha desistido. Talvez haja uma segunda chance. Talvez…

Insignificância

2Quando eu comecei o Exalando a alma eu pensava em falar das coisas negativas da minha vida, e é exatamente o que tenho feito. Falo aqui de coisas que não conto às pessoas no vis-a-vis. Vivo uma vida dupla, essa que é a verdade. Para as pessoas sou um cara normal, que trabalha, sai, gosta de ler, e tudo o mais… Mas no fundo não é isso que sou. Pouquíssimas pessoas me conhecem a fundo. Nos últimos meses ignorei o blog propositalmente. Queria achar que conseguiria conviver com meus problemas sem fazer alarde deles pra ninguém (não que eu saia gritando feito louco por aí, mas há algumas pessoas pra quem eu posso me abrir). Eu, francamente, não gosto de procurar as pessoas pra desabafar. Elas não têm nada a ver com meus problemas. E pior ainda, são aquelas que oferecem amizade e diminuem o que sinto. Tem uma pessoa na minha família que é pentecostal, desses que dizem que ouvem Deus falar pra eles repassarem o recado para nós, pobres mortais. Se intitulam “profetas”. Enfim, essa pessoa se aproximou de mim, falou que Deus tinha mostrado pra ela que eu era gay e que Ele tinha uma saída pra mim, mas que eu passaria por coisas ruins antes de me ver livre da dor. Essa pessoa ofereceu a amizade dela. Eu, pobre coitado, acreditei nisso, até porque na época ninguém mesmo sabia que eu era gay, apenas eu. Enfim, o tempo foi passando e fiquei muito próximo dessa pessoa (uma mulher, caso esteja curioso/curiosa). Mas, algumas vezes em que eu a procurei ela me tratou como um estorvo. Oras, eu não tinha buscado ajuda dela, ela me ofereceu e depois não deu conta da situação. Eu me senti tão diminuído quando aconteceu isso da última vez que resolvi me afastar. A falsa amizade mais me causou danos que algo de bom. Por vários motivos eu abandonei a religião, mas o principal é a estupidez dos pentecostais. Poucos nesse meio se salvam. Tenho verdadeiro horror a essa cultura. Pior é que grande parte dos meus parentes fazem parte dessas igrejas horrorosas que têm por aí, onde gente como eu é condenada ao inferno só por existir. Pessoas assim tem feito eu me sentir amedrontado. Questiono tanta coisa na minha vida que nem sei mais o que fazer com ela. Tenho medo de tudo. Tô esmagado. Me sinto apenas insignificante…

Carta para Deus

Querido Deus,

orac3a7c3a3o-na-montanhaNão sei se o Senhor tem internet no Céu, mas senti hoje a necessidade de registrar essa oração. Sei que não podemos esconder nada do Senhor, então serei honesto aqui. Por um tempo duvidei que você existisse. Tantas coisas negativas aconteceram e ainda acontecem comigo que achei difícil pensar que alguém tão bom pudesse estar em algum lugar nessa imensidão desconhecida. Depois passei a acreditar que o Senhor existia, mas que simplesmente não se importava comigo. Às vezes acho isso mesmo. Hoje quero acreditar que o Senhor existe e se importa comigo e que tem um propósito pra minha vida, seja ele qual for. Minha história não começou esses dias. Lembra Deus naquele dia que minha mãe saiu para trabalhar e meu pai não estava em casa e fiquei aos cuidados de uma mulher que me bateu? Deus, eu ainda nem tinha um ano de vida e já estava sofrendo violência? O que eu fiz? Não entendo por quê… Depois disso a vida foi passando. Meu pai começou a demonstrar desrespeito por mim. Ele gostava de tocar em minhas partes, e tirar brincadeiras sexistas quando eu ainda era criança. Tudo que eu pedia a ele, ele dizia que só ia me dar se eu deixasse ele tocar em mim. Isso não parece ser uma atitude de quem ama. O corpo é meu, ele não tinha o direito de me desrespeitar! Senhor, eu sei que o Senhor viu essas coisas, por que as permitiu? Isso me causou tanto sofrimento. Cheguei a fase da pré-adolescência. Queria ter amigos, mas meus pais não me deixavam tê-los. Senhor, minha mãe repetiu várias vezes que eu não precisava de amigos, que a família era a amizade que eu precisava, e cresci tão sozinho. Sabe Deus, eu odiei meus pais por isso. Quando cheguei a puberdade sofri tanta confusão ao descobrir que gostava de meninos. Lembra Senhor que eu me escondia na escola porque não conseguia conviver com outros meninos? Lembra que eu não fazia educação física pra não ter que ir tomar banho junto outros meninos pelados pra não me sentir envergonhado com o que poderia acontecer? O Senhor viu de quantos garotos eu me afastei por não saber como reagir, e só ter companhia das meninas e ser tachado e viadinho, mariquinha, frouxo e tudo o mais? Lembra Deus quando entrei no ensino médio todas as humilhações que passei e sentia vergonha de contar em casa e tive que suportar calado pra não ter que dar explicações pelo fato de meus pais não entenderem o que se passava comigo? Acho que o Senhor lembra quando cheguei na faculdade e conheci aquele rapaz (eu acho que o Senhor sabe o nome dele, não preciso citar), e apareceu aquela mulher dizendo que teve uma “revelação” de que eu ia me envolver com ele, e depois disso o Senhor me libertaria. Ela disse tantas coisas que me deixaram desejando aquele rapaz e quando não aconteceu ela disse que o Senhor tinha me dado livramento. Deus, eu não entendi, se o Senhor não ia deixar acontecer, por que disse à ela que aconteceria e me fez passar tanta angústia? Ela mentiu para mim não foi? Acho que sim… Acho que o Senhor também viu quando conheci aquele outro rapaz na igreja e me apeguei muito a ele. Lá veio essa mulher de novo dizer que algo aconteceria e que ela orou pedindo que nos afastássemos. Poxa Senhor, era meu único amigo. O Senhor sabe que por ter sido criado isolado eu não sei muito lidar com as pessoas… Estou aprendendo ainda. Lembra Senhor que dia 01 de julho de 2010 eu chamei meu único amigo e, acreditando que estava fazendo o certo, disse que não queria mais a amizade dele? Ah! Como eu estou arrependido. Depois disso o Senhor deve ter visto minha decadência, saí da igreja, deixei de acreditar em muita coisa. O Senhor viu que em algum momento de maio de 2013 eu conheci um rapaz pela internet e nos envolvemos? Acho que sim… Ainda estamos aqui. Mas eu sinto tanto medo desse relacionamento. É muito ruim viver escondido. Ah! Senhor… Eu olho minha história resumida e me vem tanta coisa na cabeça, tantos adendos que poderia colocar aqui, mas não sei se teria espaço nesse relato. Deus, eu estou com medo da vida. Eu queria que tudo estivesse diferente, mas não está. O Senhor viu o que os psicólogos falaram. Síndrome do pânico, bipolaridade, melancolia, estresse. Senhor, era esse mesmo o caminho que o Senhor queria pra mim eu fui eu que me perdi e tomei o rumo errado? Está tudo tão difícil! Tenho medo de morrer e perder meu lugar no céu. Tenho medo de nunca me encontrar nessa vida. Estou aterrorizado. Eu quero acreditar no Senhor, quero ter esperança de que tudo vai mudar, mas não sei se consigo dar mais um passo. Senhor, peço Sua ajuda, pois não existe um ser humano que possa fazer algo por mim. Eles não querem nem tentar entender meu lado. Não quero ser rotulado. Quero ser salvo. Não sei se minhas feridas são tão profundas que não haja salvação para mim, mas se o Senhor pode fazer o impossível então meu caso não é nada para o Senhor. Estou doente no corpo e na alma. Estou com medo. Segure minha mão e me ajude a passar pela vida.

Deste Seu filho que não desistiu de acreditar…

Sangue no Céu

30-artigoSentir medo é normal. A insegurança tem nos causado muita aflição, e nos dias de hoje insegurança é um lugar comum a todos. Certo pensador frisou que nos tempos antigos a insegurança era apenas um momento na vida das pessoas, mas hoje ela se tornou perene. Caos nas ruas, violência, política sem credibilidade, inflação no topo da nossa paciência e tantos motivos para desistir. Os índices de doenças mentais como depressão, síndrome do pânico e fobias têm aumentado vertiginosamente. A vida está uma loucura. Soma-se a isso nossas histórias de traumas, feridas e frustrações, e a mistura fica perigosa. Eu tenho me sentido extremamente temeroso do meu futuro. Vivo em uma guerra constante entre meu cristianismo e minha homossexualidade. Querem saber de fato? Peguei nojo de ambos. Aos defensores da causa gay sinceramente me questiono como algo que pode ter me feito tão mal pode ser certo para mim? Aos cristãos (especialmente os pentecostais, de onde saí), quero saber o que faz vocês pensarem que têm o direito de maltratar as pessoas? Hoje, eu não me imagino entrando em uma igreja. Tenho criado cada vez mais ódio de evangélico, tenho nojo, muito nojo do chamado “gospel”. Perdi muito tempo tentando achar respostas pra tudo que enfrentei até hoje e a verdade foi que não achei motivo nenhum. Se Deus fez todas as coisas, então posso deduzir que Ele me fez. Se Ele me fez, e nasci gay (quer você concorde ou não, pouco me importa já que EU passo por isso então EU sei de um fato: ninguém escolhe ser gay, se nasce gay), por que tenho que ser condenado por ser gay? Não quero desacreditar na Bíblia, mas queria que ela fosse mais clara, porque ela definitivamente não tem resposta nenhuma pro que vivo.

DEPRESSÃO 2Outra grande frustração que tenho foi ter sido criado tão preso. Tenho ódio da minha história. Amo minha família, mas tem horas que queria dar uma surra em cada membro dela, incluindo meus pais. Podem pensar o que quiserem de mim, mas uma das poucas felicidades que tive foi ver meu pai morto. Descobri essa felicidade alguns anos depois que ele morreu, quando vi que ele não fazia falta nenhuma na minha vida, quando comecei a pesar meu relacionamento com ele e vi que tinha mas prós em não ter ele por perto do que contras. Não tenho prazer na morte dele, mas tenho na ausência. Aliás, um pai que não é amigo, um pai em quem você não pode confiar para contar seus medos e suas fraquezas, um pai que não é capaz de entender suas frustrações e seu temores não serve pra nada. Ele vivia esfregando na minha cara que me dava de tudo; o safado só esqueceu do que ele me privou. Esqueceu que sempre trabalhei ao lado dele desde criança (ora, ele era pregador na igreja, conhecia a Bíblia mas nunca lembrou que o trabalhador e digno do seu salário [Lucas 10.7]); gostava de jogar na minha cara que Bíblia mada os filhos respeitarem os pais, mas se esqueceu que em seguida a Bíblia manda os pais não provocarem os filhos, e ele me provocava constantemente. Se o inferno existe, espero que ele esteja lá. Se eu não nasci gay, ele me fez ser um. Era o crentão de igreja, mas era safado. Não podia ver um menino que passava a mão no pinto deles disfarçado de brincadeira. e claro, fazia o mesmo comigo. Cansei de pedir as coisas pra ele, e ele dizer que só ia me dar se eu deixasse ele passar a mão em mim. Isso pra mim tem nome: pedofilia.

luvia2Mas infelizmente a família toda defendia esse patife. E a família é evangélica. Tenho uma tia que adorava gritar pra mim que meu pai me dava tudo do bom e do melhor. É uma velha estúpida, tão estúpida quanto o pai que tive. Contei uma vez a minha mãe que sou gay, ela simplesmente se jogou no chão, chorou e hoje faz de conta que nada acontece comigo. Vive dizendo que tenho que casar e ter filhos e cada vez que ela me diz isso tenho vontade de meter a mão na cara dela. Sofro de estresse, já parei no hospital por causa disso, mas ela não entende. A última vez que fui ao hospital por causa do estresse ela ainda ficou chateada comigo. Diz apenas que eu tenho que me controlar. Eu quero, por Deus como eu quero acreditar que existe um paraíso, um lugar onde vou descansar de tudo isso. Mas se a Bíblia estiver certa eu estou destinado ao lago de fogo e enxofre. Não sei o que fazer. Tenho temor a Deus, não quero ir pro inferno. Tenho um vazio nesta vida, não quero ficar só. Só tenho um amigo, que é meu amante. Passei a vida sacrificando relacionamentos por medo de errar e no fim das contas os sacrifícios formas apenas pedaços do meu coração que não serviram pra nada, pois nenhum fruto foi colhido disso. Estou deprimido, queri morrer. Eu não vejo sentido na vida. Eu não sei pra que nasci. Francamente a vida é uma merda, odeio tudo que vivo, tudo que passei. O que era pra ser meu paraíso está ensanguentado de tanto meu coração se machucar. Só queria que tudo acabasse logo…

Mutilado

[Silêncio]

cemitério-estatua-gótica-anjoBusquei uma citação para abrir esta postagem, mas não encontrei. Queria algo que me refletisse, mas não encontrei. Eu vou direto ao ponto. Me sinto ambivalente em relação a minha pessoa. Quero meu bem, afinal não posso me desassociar de mim, mas ao mesmo tempo, odeio quem sou. Quero muito mudar. Não por cobranças alheias, mas estou cansado de me arrepender do que faço, do que digo, do que sinto. Canso de não acertar. Errar é inevitável, mas a minha natureza me agride; não estou bem, minha saúde não está bem, meu emocional não está bem. Canso de ferir as pessoas que amo, de não saber demonstrar o que é mais importante a quem mais importa. Cada erro é com se arrancasse um pedaço de mim. Não posso cobrar amor das pessoas já que não sei amar. Mas eu fui ensinado na não saber amar, sou apenas uma produto do meio. Culpando outros? Mas é claro! É burrice demais esfaquear alguém e não esperar que ele sangre. Eu sangrei, e a cicatriz lateja. A ferida curou, mas a lição que ela me deixou acabou por me tornar indiferente às pessoas que estão próximas de mim. Ah! Como eu morro de inveja daqueles que têm amigos, muitos deles. Daqueles que têm para onde ir num fim de semana, que têm para quem ligar a qualquer hora, que podem brigar com um deles e ter outro a quem recorrer. Que não ficam mortos de vergonha de pedir ajuda quando precisam, e que recebem ajuda sem se sentir devedores. Eu não sei o que é isso. Tenho raiva da vida, ela é amarga. Só isso. Eu francamente não vejo proposito na existência. Pra quê existir? Vamos todos morrer, e ainda temos que sofrer entre o início e o fim. Qual a graça disso? Queria ter morrido na hora de nascer… Não levamos nada daqui mesmo… Desde que comecei este blog há dois anos lamento, lamento, lamento e nada mudou dentro de mim. Situações vieram e se foram, mas as tristezas só foram acrescidas. Hoje não me sinto um ser humano completo, apenas uma personagem em uma peça sem público, um monólogo mudo. Não sei que alguém vai ler isso aqui, já não importa. Não queria ser nada do que sou, mas não tenho escolha, o pior fardo que carrego na vida é ter que me suportar. Entendo aquelas pessoas que me abandonaram, mesmo quando não dei motivos (ou será que dei?). Seja como for, hoje minha esperança está perdida. Talvez eu a reencontre….

Só mais um momento

Profunda-tristezaUma das coisas que me motiva a escrever são meus sentimentos. Não os bons, mas os maus. A tristeza é uma fonte de inspiração profunda, frio e calor, dor e prazer. No mês passado, novembro, eu não escrevi pois consegui viver relativamente tranquilo. Não que eu não tenha passado momentos tristes, mas nada profundo. Mas hoje, ah… chorei, e chorei copiosamente. Não sei o que se passa comigo, por que tanto medo dentro de mim quando aparentemente tudo vai bem. Mas será que vai bem mesmo? Acho que meu defeito é pensar demais, conjecturar sobre fatos que ainda não vieram a luz da existência, e sequer virão. Quem sabe? A vida é uma sucessão de desconexões. Isso é fato. Não estou preparado para viver. Ultimamente tenho sentido um medo absurdo da morte, de perde os meus amados, que são tão poucos. Olho para minha mãe e vejo os sinais da idade e sei que a qualquer momento ela pode ser tomada de mim. Gelo por dentro só de pensar. Levo uma vida solitária com minha família. Somos apenas três, e tudo que fazemos e por nós e para nós. Não temos muito a quem recorrer. Dependemos um do outro. Ah, mas isso me amedronta tanto. Acho a vida tão injusta, tão sem propósito. Pra que existir se vamos morrer? Pra que nascer se vamos sofrer? Pra quê? Por quê?

lagrimaQueria ser forte, entender de fato que a vida é assim mesmo, que todos morrerão, que todos passam na nossa vida apenas para se tornarem memória num futuro próximo. Passamos a vida correndo atrás de tantas coisas que acabamos esquecendo do que mais importa. Fiz uma viagem este fim de semana que foi maravilhosa. Pude parar um pouco, contemplar coisas maravilhosas. Mas houve momentos em que eu deveria me sentir feliz e me senti triste. Nem tudo é como esperamos. Muita coisa sairá de nosso controle, devemos aprender a superar, mas eu não sei como. Sei que sou capaz, mas não estou conseguindo achar o caminho. Quando cheguei em casa senti uma tristeza corrosiva. Meu peito doeu como há tempos não doía. Não consegui me reerguer. Talvez eu precise de tempo. Mas coisas boas são tão difíceis de me acontecer que quando passam me deixam pior que se não tivessem acontecido. às vezes a alegria parece uma maldição.  E assim eu caminho. Seja o que Deus quiser.

Necessidades…

amor-lc3adquidoAcabei de ler alguns estudos aqui na internet que falam do mal que a solidão pode trazer à vida das pessoas (Veja aqui e aqui). Há alguns meses li um livro chamado Amor Líquido, do Zygmunt Bauman (sou fascinado por este autor), cujo foco é a fragilidade dos relacionamentos nos dias atuais. Todos nós temos necessidades de relacionamentos, de estar com outras pessoas. Nós somos seres sociais e a ciência comprova o quanto a solidão pode ser nociva para o homem. Neste livro, Bauman fala sobre como é difícil manter relacionamentos, sobre os custos de se ter alguém na sua vida. É ótimo você ter um parceiro para os bons momentos, mas aturar os defeitos dos outros? É melhor não. O problema é que quando é nossa vez de errar, queremos alguém que nos suporte e nos entenda. Não queremos ser julgados, mesmo julgando a todo instante. Não queremos ser desprezados, mesmo não ligando para os tormentos dos outros. Não queremos ser incomodados mesmo necessitando muitas vezes da intervenção dos outros em nossas vidas. Meu Deus! A sociedade ocidental preza pelo fútil, pelo hedônico. Qual o propósito de se viver assim? O que aprenderemos deste jeito? Para onde correremos quando precisarmos de alguém? Eu não faço a menor ideia, só sei que cada dia que passa o mundo torna a existência mais sem graça. Muitos me criticam por pensar assim, mas quantos têm vivido a sombra da tristeza, do medo e da solidão e simplesmente não encontramos uma saída para estas pessoas. Eu mesmo tenho vivido assim. Não tenho uma visão positiva da existência. Não vejo motivo ou razão para existir. Não nos respeitamos, não respeitamos nosso meio ambiente, nosso planeta está morrendo, nossos recursos se exaurindo e a grande maioria só quer se sobressair em uma sociedade de consumo fútil, ignorante, líquida e por muitas vezes, desprezível. Já não sabemos, de fato, quem é nosso próximo. É mais fácil fechar os olhos, só que fazer de conta que não vemos os problemas não irá resolvê-los.

incógnitaÉ muito difícil resolver nossas necessidades primordiais quando estas dizem respeito às pessoas. Quero entender por que queremos tanto sem ter muito para dar em troca. Sei que eu mesmo sou falho em muitos aspectos que critico, é claro que tenho teto de vidro então, preciso direcionar minhas críticas primeiramente a mim. Mas até para estender a mão a alguém fica difícil, pois confiança é algo complicado. Muitos já foram tão feridos, tão humilhados por confiar que preferem se trancar em seu mundo e fazer de conta que são capazes de se virar sozinhos. Mas noite após noite seus medos e angústias as atormentam, e seus travesseiros são meros depositários de lágrimas. Ainda tem a preocupação com o futuro. Quanta incerteza para uma vida! Muitas vezes me pego pensando em meu futuro, na vida que gostaria de ter, no que posso fazer para mudar e nas dificuldades que posso enfrentar, e geralmente termino meus pensamentos me questionando se pelo menos vou terminar este dia ou se meu último suspiro está mais próximo do que imagino. Sair de casa para mim é uma luta, tenho medo. Encarar a vida já é motivo de medo suficiente. Mas o fato é que temos que encará-la. Não posso permitir que os pensamentos me derrubem. Faço um exercício mental que, apesar de parecer simples é muito difícil. Tento por na minha cabeça a ideia de que viver um dia de cada vez é suficiente. Tento entender que a vida dá voltas e que eu não sei como vou estar no futuro. Tento perceber que não há nada de mal acontecendo comigo no momento e que não tenho motivos para me preocupar. Olho a comida na despensa, as contas pagas, olho para os céus e tento agradecer a Deus por poder andar, respirar, ter uma casa para morar. Tento fazer isso como forma de sobreviver ao caos que é a vida. Não é algo que faço a muito tempo, na verdade comecei a mudar de atitude há alguns dias. Espero que tenha resultado, pois só me resta esperar que Deus faça um milagre, ou tudo será em vão…

Desabafo

angustia2Ah! A tristeza… Poderia ser um sentimento mais pessoal, mas infelizmente não é. Gustave  Flaubert dizia que a tristeza é um vício. E um vício mal compreendido. Muitos tentam apagar este vício com outros. Jogos, bebidas, drogas, sexo. Mas quando nos encaramos lá está o sentimento de novo a nos apertar o peito. E a sangrar e sangrar até que não reste mais nada a fazer a não ser se entregar ao vício da tristeza. Alguns dependem de tomar ansiolíticos, mas com certeza ela estará lá de novo encarando-os com seu olhar frio quando nenhum comprimido for mais capaz de subjugá-la. Estes dias têm sido de constante ansiedade para mim. Choro por dentro porque já não há mais o que chorar por fora. Quero desistir de tudo, mas ao mesmo tempo quero ter esperança de que tudo vai mudar. Meu Deus! Ah! Se ao menos algo fosse certo nesta vida além da morte. Se ao menos houvesse uma próxima para ter a chance de fazer tudo direito. Mas meu peito lateja dia após dia, noite após noite. Hoje foi um dia que gostaria de pular, mas a vida é uma escola da qual não podemos fugir. De um jeito ou de outro, da forma mais dolorida ela nos ensina suas lições. Alguns soldados antes de ir para a guerra são ensinados e se verem mortos, caso contrário eles não entrarão em batalha. Eu deveria ter sido ensinado a me ver assim mais cedo. Depois de um tempo fica difícil de assimilarmos tudo o que deveríamos. Deus, cansei de lamento. Se o Senhor realmente se importa, faça alguma coisa por mim, porque eu já não tenho mais ânimo. Se não houver mais o que fazer, me mata, é melhor que viver assim! Essa vida é uma inimiga poderosa e eu não vejo mais como me aliar a ela. Eu estou me afogando em lamentos e não vejo ninguém capaz de estender a mão. Cansei meus recursos, humanos são gélidos, assim como a vida que me cerca. Quisera haver outra chance, mas a vida não perdoa! E eu, só queria fugir disso tudo…

Cacos

espelho quebradoA vida às vezes parece ter apenas rasteiras pra nos oferecer. Muitas vidas parecem ser apenas soma de medos, tristezas e desesperança. Não sei se isso é só uma fase, mas deve, com certeza, ser um grande aprendizado, pois não creio que seja possível ou aceitável passar por tanta dor sem um propósito. Autoconhecimento é a perda da inocência. Uma vez perdida a inocência, não há desculpa fácil de se dar ou ouvir. Oxalá pudéssemos ser capazes de fazer escolhas sensatas 100% das vezes que nos fosse demandado, mas infelizmente isto não é possível, e as más escolhas são regadas com lágrimas e seus frutos são amargos. Choro por dentro. Tenho medo. Sinto o terror. Minha única válvula de escape é dormir e entrar no estado de subconsciência. Esquecer um momento que a vida lá fora é real, que os medos vão me consumir mais um dia. Ah! E a solidão? Essa companheira indesejável e inexorável, nada indulgente. Como driblar? Não sei. A solidão tem se tornado um lugar comum para a humanidade. O grande gênio da atualidade, Zygmunt Bauman já dizia que hoje indivíduos solitários se encontram na ágora com outros indivíduos solitários e voltam para casa com sua solidão reforçada. Perdemos a capacidade de amar, e com isso muitos outros males foram suscitados.

3021962_gQ6beSou um homem solitário. Entendo o que é solidão, esse demônio que rasga nossa alma, que nos angustia, e nos mata lentamente. Sou um homem de temores. Sei o que é olhar pra frente e ver apenas um borrão, uma mancha. Sou um homem de tristezas, de sentir aquela mão apertando o peito, espremendo lágrimas, me fazendo sangrar. Sou um homem de desesperanças. Me apego ao fato de que, de um jeito ou de outro, tudo vai acabar. Me lamento de saber que entre o começo e o fim pouco foi proveitoso. O que é a vida senão um momento? O que fazer deste momento que é a vida? Alguns encontram seu caminho, outros morrem tentando e muitos, como eu, desistiram de tentar. Sei que com 32 anos sou uma pessoa nova, sei que estou vivo e posso tentar. Mas na prática é muito difícil. A vida é selvagem. A vida se alimenta da vida, e apenas morte nos espera no fim da jornada. Quisera poder abreviar esta passagem sem dor, mas é mister sofrer. Tenho sorte de ter nascido num país ocidental em um Estado de direito. Não quero ofender a Deus, mas seu eu soubesse de tudo que sei, e tivesse escolha, escolheria não nascer.  Sim meus amigos, este é um dos mais amargos lamentos que posto aqui no Exalando a Alma. Se você tem algo prático capaz de me ajudar, não hesite. Se não tem, lembre de mim em suas orações. E que Deus tenha piedade desta pobre alma…

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